Sim! Mais uma vez, sim! Estou aqui novamente, depois de mais de 3 anos, de repente senti uma vontade enorme de retomar esse espaço, que tem sido meu há anos, mesmo não cuidando assiduamente dele.
Em 3 anos muita coisa aconteceu. 2021 marcou o início de uma nova vida para mim. Após 20 anos morando na mesma cidade, meu marido e eu decidimos dar um passo decisivo e procurar novas oportunidades. Foi então que nos mudamos do sul de Minas Gerais para Vitória/ES, uma cidade que há dez anos era apaixonada. E fomos tão bem recebidos! Nossos amigos foram essenciais para podermos nos instalar e nos adequar à vida em uma cidade diferente, bem no meio da pandemia. Ali estávamos perto de poucos conhecidos, mas os poucos foram uma bênção para nós.
Ah, a pandemia! Quantas pessoas sofreram, quanta angústia passamos! Era uma preocupação sem fim com nossos parentes e amigos. Mas, felizmente no nosso caso, fomos abençoados e não perdemos ninguém, nem na minha família, nem na do meu marido. Olho para o copo meio cheio quando se fala da pandemia, pois foi por causa dela que saímos da zona de conforto e enfrentamos muitas mudanças. A mais dolorida foi ficar longe da nossa filha por um ano inteiro, mesmo que ela estivesse em bons cuidados.
Durante nossa estadia em Vitória, comecei meu mestrado em Engenharia Elétrica na UFES e conquistei uma vaga de trabalho 100% remota. Um ótimo salário, que me fez desistir de uma bolsa integral e dividir meu tempo entre trabalho e estudos (de novo). E são aquelas decisões que você acha que foram erradas, mas que no final provam ser a ideal. Ou te conduzem a outras decisões. Por algumas razões íntimas, decidi não finalizar o mestrado, já em fase de desenvolvimento da dissertação. Uma nova oportunidade de trabalho para meu marido nos fez repensar os projetos e eis que nos mudamos novamente, agora para a Europa. Portugal foi nosso próximo destino, um ano após a mudança para Vix. E sou eternamente grata por tudo que aconteceu conosco lá.
A vinda para Portugal foi turbulenta, primeiro meu marido se mudou sozinho. Alguns meses se passaram até que nos juntamos a ele. Foram meses de expectativa e pouco se desenrolou. Não é uma situação que gostaria de viver novamente, muitos projetos parados aguardando definição. Mas a mudança chegou e juntamos nossas coisas para enfim retomarmos nossa vida. Porém, o trabalho exigiu meu retorno ao Brasil. Novamente me afastei da família que criei e me juntei à família que me criou.
Meus pais e irmãs foram essenciais em mais um período de afastamento. Mas novamente procuro ver o copo meio cheio e foi um momento de repensar uma vida toda, de me redescobrir. E mais uma mudança estava em curso. Por mais que a vida em Portugal fosse boa, ainda não era ótima. Então uma nova oportunidade nos trouxe para a Holanda. Alguns outros meses de espera e finalmente estou em casa. Sem minha filha, que ficou para estudar em Portugal, mas agora retomo minha casa e recomeço uma vida.
Ou melhor, retomo de onde ela parou. Mais consciente de quem sou e de que sou o resultado de todas as decisões que tomei. Ainda estamos em processo de adatptação, montando a nossa casa aos poucos, mas uma coisa já tenho de diferente: a sensação de que este sim pode ser nosso lugar por muitos anos, talvez definitivo, o que me anima a retomar alguns projetos, a mobiliar uma casa e pensar mais concisamente no futuro.
A Holanda tem seus desafios, o idioma é o principal deles. Cada ida ao mercado é uma saga. Achar os produtos necessários, estabelecer novos padrões gastronônicos e culturais, achar meu lugar. É um aprendizado sem fim. Muitos me perguntam qual o sentido de recomeçar em um lugar tão diferente, mas a resposta já vem na pergunta, pois é justamente o “tão diferente” que torna o desafio excitante. Fácil, jamais. Mas estou disposta e passar por tudo para ter uma boa qualidade de vida, talvez o mesmo padrão em questões financeiras, com as perdas que um expatriado sofre, mas que são compensadas diariamente pelo tanto que aprendo.
E falando em aprendizagem, claro que não poderia ficar parada. Começo uma nova etapa de estudos com uma pós-graduação, que espero em breve falar mais por aqui. Como se não bastasse ter tanto a aprender no dia-a-dia, um novo idioma, aperfeiçoar o inglês e, de quebra, um curso no Brasil com 5 horas de fuso horário à frente. Mas são os desafios que me movem e eu preciso deles para não enlouquecer.
Pois é por esses desafios que espero retomar a escrita aqui, porque quero desenvolver novas habilidades, reforçar algumas e procurar novas formas de explorar a vida. E porque uma frase que ouvi esta semana me motivou: aprender não é apenas compreender e reter conhecimento. Estas são apenas as primeiras partes do processo. É preciso praticar, disseminar e ainda criar para que o ciclo esteja completo. Existe muito material sobre o assunto na internet que vale a pena ser explorado.
E é por isso que decidi retomar o blog, mesmo sendo um área pouco divulgada e pouco acessada, mas que continua sendo meu para externalizar tudo que se passa na minha cabeça. Talvez novos espaços sejam criados, mais segmentado, para um público-alvo mais direcionado. Porém, ainda preciso definir e praticar para então decidir.
Se você chegou até aqui, obrigada! Falei muito sobre mim e não entreguei nenhum conteúdo válido. Mas se tiver mais curiosidade sobre esses últimos períodos de tantas mudanças, se eu puder ajudar com alguma dúvida, não exite em me perguntar, me sentirei muito feliz em poder ajudar.
Até breve!